Ocapital
12497 palavras
50 páginas
Leitura e Difusão de O Capital de Karl Marx “O escritor é um trabalhador produtivo não por produzir idéias, mas enquanto enriquecer o editor que publica suas obras ou enquanto for o trabalhador assalariado de um capitalista”(Karl Marx)1. Na época de Karl Marx (1818-1883) o livro e o jornal eram os meios principais (quiçá únicos) de difusão das idéias. Nos primeiros vinte anos do século XIX o livro experimentou uma nova revolução técnica com uma série de invenções que permitiu aumentar as tiragens e a velocidade de impressão. A era das grandes tiragens começava. Walter Scott, Byron e outros autores conheceriam um sucesso que, antes, fora impossível. Mas os efeitos da grande tiragem se fizeram sentir primeiro na impressão de jornais e só depois de 1840 na edição de livros. Em um ano (1836) as assinaturas de jornais parisienses passaram de 70 mil a 200 mil2. Nessa época, a própria condição das massas operárias passou a ser objeto das editoras de duas maneiras: como público e como elemento das próprias obras. A literatura ganhava um público mais amplo. Exemplo significativo foi Eugène Sue, autor que Marx e Engels criticaram em A Sagrada Família. Os seus Mistérios de Paris começaram a ser publicados no Journal des Débats em 1842 vendendo mais de três mil exemplares. A série era produzida de tal forma que os personagens e as situações eram moldados por pedidos de leitores3. Nessa época, os hábitos de leitura, bem como os formatos de livros que acompanharam as alterações nesses hábitos, indicavam uma ampliação do espaço público do livro e do comércio livreiro: das leituras solitárias nos passeios aristocráticos e do interior das casas, o livro transitou para o passeio público, os cafés e as estações de trem. A partir de 1851 tornaram-se comuns viagens de um dia para as massas, graças às locomotivas a vapor4, enquanto burgueses e aristocratas preferiam as longas viagens de verão. Um pouco antes, e coincidentemente no ano de publicação do Manifesto Comunista, a firma H.