obra de Henri Pirenne
Analisando a obra de Henri Pirenne, a segunda parte, O islã e os Carolíngios, percebemos uma inovação, uma nova técnica de abordagem. Ao adentrar na civilização Europeia no final do século VII, o autor usa o método comparativo. Ele compara a Europa ocidental na época das invasões bárbaras, com a investida do islã em um período posterior, demonstrando dessa forma que as tribos bárbaras não mudaram em quase nada no ritmo e no modo de vida com o fim do império romano.
Pela primeira vez a rota comercial do Mare Nostrum foi alterada. O que antes era um comércio atuante, onde circulavam ideais, mercadorias e funcionava como um veículo de religiões tornava-se, com as invasões árabes, uma barreira que separava o oriente do ocidente. Muda-se o idioma, o cristianismo dá lugar ao islamismo; o ouro dá lugar à prata. Esse impacto está fundamentado nos valores morais que os árabes carregavam e impôs ao ocidente. Ao invés de se adequarem ao estilo europeu ocidental, como fizeram as tribos bárbaras, os mouros penetraram com sua religião e valores culturais e adequando os que eles achavam necessários. Estes valores foram fundamentais para mudar o eixo do mediterrâneo para o mar do norte. A pesquisa inovadora, revela as consequências dessa invasão islâmica. Com a decadência do reino Merovíngio, surge uma nova dinastia: a Carolíngia; originária das regiões germânicas do norte. Essa Europa Carolíngia inaugura uma nova roupagem, bem distinta, tanto do ponto de vista político, religioso e econômico. O império Franco lança as bases da idade média Europeia, graças à invasão mulçumana que se impôs a civilização Europeia ocidental. O século VII se abre como uma consequência das invasões árabes, que tornaram possível a ascensão Carolíngia, abrindo-se ao mundo feudal. ‘’Sem o islã, o império Franco jamais teria existido. Sem Maomé, Carlos Magno seria inconcebível” (PIRENNE, 2010, p. 280).