DO IMPÉRIO ROMANO A IDADE MEDIA
O historiador analisa a formação da Europa Ocidental de modo inovador, na medida em que coloca em cena a possibilidade de novas perspectivas históricas sobre a vida, as transformações e o desaparecimento de grandes civilizações. Pirenne faz um contraponto necessário à reflexão sobre as crises e possibilidades que a idéia de civilização e barbárie assumiu ao longo da história ocidental. O historiador relativiza a oposição intransponível entre civilização e barbárie ao desconstruir a ideia vigente de uma ruptura violenta entre a civilização romana e uma Europa barbarizada. Em suas pesquisas ele, enumera várias evidências de que os reinos bárbaros do século V ao VII não acabaram com o Império Romano, mas continuaram com a civilização mediterrânica no ocidente por uma evidente “vontade de romanização”.
O historiador é categórico ao afirmar que não se pode falar em fim da antiguidade antes do desaparecimento total do império de Roma, que só aconteceu, no caso do ocidente, quando a circulação de bens e saberes via mar Mediterrâneo foi bloqueada pelos muçulmanos. A lenta entrada dos povos germânicos no coração do império não ameaçou a cultura greco-romana porque,