Objetos cotidianos
Repensando e interferindo no seu sentido
A arte contemporânea é caracterizada pela grande liberdade que os artistas têm ao escolher os componentes que formarão seus trabalhos. Técnicas, materiais, lugares, poéticas... Na época em que a arte se encontra, tudo pode, pelas várias transformações culturais, sociais, industriais, entre outras, e principalmente, a transformação do pensamento, de modo que a arte, hoje em dia, em alguns casos, se aproxima muito da vivência, do cotidiano e dos objetos do cotidiano. Marcel Duchamp foi o primeiro a pensar e a trazer a ideia de objeto para arte, os chamados readymades, que se consiste no ato de apenas deslocar um objeto do cotidiano, e inseri-lo no campo artístico, sem modificações na sua forma. Ao tomar essa atitude, Duchamp modificou toda a ideia de arte.
Marcel Duchamp
A fonte, 1917 Alberto Tassinari, no livro O espaço moderno, fala no capitulo, O mundo da obra e o mundo em comum:
Objetos cotidianos podem despertar experiências estéticas. Em geral é junto a obras de arte que se dá a experiência estética. É difícil descrever o que se sente quando um objeto qualquer ganha valor estético para alguém na vida diária e como que salta para fora dela.(...) Um readymade se põe diante do espectador de maneira ostensiva. Alguns deles possuem uma certa elegância seca. O que não basta para deslanchar uma experiência estética. Não estão num canto da casa à espera de que, por um acaso, se transfigurem em motivo para uma parada poética entre as vivências cotidianas. Assim as vivências cotidianas se transportam para o mundo da arte com seus objetos, e fazem com que passamos a enxergar de outras formas as coisas banais e corriqueiras. Alguns artistas utilizam dessa ideia de trazer algum objeto do cotidiano para a arte, como por exemplo, o mobiliário, interferindo em sua estrutura para acrescentar ainda mais sentido ao meio artístico.