Objetividade nas ciências sociais
Os textos colocados para estudo, curiosamente, foram escritos numa mesma época, final do século XIX e começo do século XX. Apenas nove anos separam as duas publicações que tratam da sociologia como ciência.
O primeiro texto trata do livro As regras do método sociológico, de Émile Durkheim, acadêmico, sociólogo, antropólogo, filósofo francês, que foi publicado primeiramente em 1895, tem o prefácio da primeira edição onde o autor salienta que o objeto de toda ciência é realizar descobrimentos, o que de pronto discordamos, pois além do descobrimento que trata de fenômenos e coisas ligados à natureza, como o fogo, temos as invenções que também são obtidas através da ciência e que podemos definir como criações novas feitas pelos homens (palitos de fósforo para fazer fogo), portanto, o objeto da ciência não pode ser limitado a descobrimentos. Nesse prefácio é explicado o método da teoria sociológica, estendendo o racionalismo científico à sociologia tratando dos eventos sociais como coisas.
Já no extenso prefácio da segunda edição o autor tenta se defender e reage às críticas teóricas que ele considera apenas de “controvérsias bastante vivas” em três proposições. Na primeira, inicialmente, ele defende que os fatos sociais devam ser considerados como coisas, mas não como coisas materiais, mas sim, com o mesmo tratamento das coisas materiais. Define coisa como “todo objeto do conhecimento que não é naturalmente compenetrável à inteligência” (Durkheim, 1937, p. 33), portanto, é objeto da ciência. Na segunda proposição Durkheim “apresenta os fenômenos sociais como exteriores aos indivíduos” (Idem, p. 35) e distingue a vida material que está no todo e não nas partes da vida social, esta não podendo ser explicada apenas por fatores psicológicos. Na terceira proposição o autor procura explicar com mais detalhes a definição de “fatos sociais” como “maneiras de atuar ou pensar, reconhecíveis pela particularidade de serem suscetíveis de