Obesidade
Mauro FISBERG
Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente, Universidade Federal de São Paulo; Força Tarefa Controle de Peso ILSI Brasil
O obeso é um problema dos países ricos e com dietas inadequadas e o obeso é um problema nos países pobres. Enquanto a moda atual gera a postura de “ser saudável”, o magro modelo e manequim esquelético, milhares de pessoas sofrem com um peso radicalmente excessivo, nas ruas dos bairros mais elegantes de Miami, e nas favelas da região periférica de São Paulo. Estudos mais recentes apontam a obesidade como o problema nutricional mais prevalente nos Estados Unidos, chegando a afetar um terço da população adulta e adolescente. Projeções indicam que não havendo intervenção, a população americana chegará a 2035 com 90% dos indivíduos com excesso de peso. No Brasil, dados da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade-ABESO, mostram que aproximadamente 40% da população brasileira apresenta excesso de peso. A obesidade, tradicionalmente uma doença que nos anos 60 era associada às classes sociais e econômicas mais abastadas, tem avançado de modo significativo nas classes menos favorecidas. O que ocasiona este fenomeno chamado de transição nutricional? Esta ignomínia de termos de conviver com doenças relacionadas a pobreza e ao aumento das doenças crônicas não transmissíveis? Muitas explicações podem ser desenvolvidas. Estudos do grupo de Ana Lidia Sawaya, na Universidade Federal de São Paulo, apontam que indivíduos desnutridos, sobreviventes e recuperados, com acesso a alimentação, podem incorporar mais facilmente a energia sob a forma de gordura de depósito, numa proteção natural do organismo para se proteger de uma fome futura. Outras hipóteses mostram que a mudança dos hábitos de vida, com o aumento do sedentarismo e a adoção de hábitos de vida não saudáveis, com alimentação inadequada, e a incorporação de hábitos procedentes das sociedades