Não nascemos prontos
Professor de Filosofia da Religião, da PUC – São Paulo, muito conhecido por um antigo programa da TV Cultura, “Diálogos Impertinentes”.
A Obra – Não nascemos prontos
Extremamente instigante, traz o subtítulo sugestivo de “provocações filosóficas”. Consta de trinta e sete “pensatas”, pequenos trechos onde o autor captura questões cotidianas fundamentais, lançando desafios que nos estimulam a reflexão e busca do conhecimento.
A grande proposta de abertura do livro vem de “O Grande Sertão Veredas”, de Guimarães Rosa:
“O animal satisfeito dorme”
Um dos mais profundos alertas para não cairmos nos riscos da monotonia existencial, da redundância afetiva e da indigência intelectual.
O fenômeno da substituição da arte pelo entretenimento nos remete a inexistência de desafio intelectual. O único objetivo é o de manter as pessoas quietas, mantê-las como estão. Fala o óbvio, o que todo mundo quer ouvir, sem desafio algum. Exemplos: Sula Miranda, Faustão, Big
Brother...
Aliás, o Programa “Big Brother” lembra o Colisseu romano, onde o público decidia sobre a vida e a morte das envolvidos na trama. O nome “Big Brother” (Grande Irmão), vem do principal personagem da obra “1984”, do indiano filho de inglês, George Orwell. O Grande Irmão manipula, controla... Trata-se da quinta essência do entretenimento grotesco. A regra do jogo: é proibido cooperar; se destruirmos o outro, vencemos. A platéia nega valores básicos de respeito, afetividade... o único valor do programa é o de mercado!
Temos, também, o riso grotesco. No “Casseta e Planeta”, por exemplo, se ri do outro, da tragédia alheia. O esvaziamento de valores chega a tal ponto que a socialite Vera Loyola contrata quarenta homens para “latir” o parabéns a você para a sua cachorra.
Nós evoluímos ou involuímos (depende do ponto de observação), do SER para o TER e, agora, para o PARECER.
“O animal satisfeito dorme”. É a pessoa que se sacia... e dorme. Dorme