Não faço ideia
A personagem acaba de entrar numa faculdade de medicina mas, como aponta o título, não sabe direito o que quer da vida. Logo no primeiro dia do curso, mata aula e vai para um boliche, onde conhece Guilherme (Rodrigo Pandolfo), filho do dono e contratado para induzir os clientes solitários a consumir mais.
Souza, que também assina o roteiro, faz no longa um estudo de personagem, uma jovem de perfil indie, fofa e engraçadinha que, por não saber o que fazer da vida, apenas vaga de um lado para outro, tentando matar o tempo. Ela não gosta de medicina, e parece só ter escolhido esse curso porque todos seus parentes têm profissões ligadas à saúde. Aparentemente, Clara é um gênio, pois entrou na faculdade sem muito esforço - mas, se o for, é um gênio infantilizado. Guilherme, por sua vez, é tão indie e fofo quanto ela e promete ajudá-la a descobrir sua verdadeira vocação.
Eles começam, então, uma brincadeira. Ela deve imaginar qual é, no fundo, a verdadeira função de uma profissão e, a partir daí, fazer algo parecido para ver se realmente quer trabalhar na área. Por exemplo, medicina consiste em ajudar as pessoas, então, ela deve sair por aí ajudando; ou direito, que, para os personagens, consiste em mentir, então, ela toda noite conta uma mentira para os pais.
Em seu primeiro longa, "Apenas o fim", Souza fez um retrato melancólico do fim de um romance juvenil e o rito de passagem para a vida adulta. E, apesar do excesso de piadas internas sobre cultura pop e afins, havia algo de honesto ali, algo de mágico e perspicaz. Diante de "Eu não faço a menor ideia...", o outro filme parece ter sido sorte de