novos conceitos
“A problemática de um modelo paternalista na gestão de recursos Humanos em empresas africanas – o caso concreto de Moçambique”
FEIJÓ, João
Doutorando em Estudos Africanos
ISCTE
joaofeijo@hotmail.com
Resumo
Após reflectir sobre a sua eficácia ao nível da gestão de empresas informais pretende-se analisar até que ponto um modelo paternalista de gestão de recursos humanos pode ser aplicável a unidades do sector formal, onde as lógicas de maximização do lucro assumem, à partida, uma dimensão mais exigente. Se esse modelo se adaptada às necessidades sócio-económicas da África sub-sahariana – colmatando a debilidade do Estado Providência ao nível da educação, da saúde ou da habitação – um facto é que o mesmo modelo é criticado por não promover a autonomia e a emancipação social dos trabalhadores africanos, proporcionando o servilismo e uma elevada submissão à autoridade. O artigo pretende reflectir, também, sobre os pressupostos epistemológicos inerentes a esta concepção de desenvolvimento. Palavras-chave: Gestão de Recursos Humanos; Desenvolvimento em África; Empresas e empresários africanos
NÚMERO DE SÉRIE: 321
VI CONGRESSO PORTUGUÊS DE SOCIOLOGIA
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VI CONGRESSO PORTUGUÊS DE SOCIOLOGIA
I1. Liberalização dos mercados e exportação de novos modelos de gestão
A partir de meados dos anos 80, após um período de forte centralização económica, os Programas de
Ajustamento Estrutural definiram, de uma forma geral, que o Estado deveria deixar de constituir o principal protagonista do desenvolvimento, pelo que cabia ao mercado o aparecimento de iniciativas de investimento e crescimento empresarial. Da liberalização dos mercados, da privatização de empresas públicas e do aumento do investimento estrangeiro resultaram inúmeras pequenas e médias empresas no sector privado da economia. Em Moçambique, este processo foi favorecido pela estabilidade política atingida na década de