Notas Dominicais: tomadas durante uma viagem em Portugal e no Brasil em 1816, 1817 e 1818
Louis-François Tollenare, nascido em Nantes na França, era produtor de algodão e foi um dos viajantes que estiveram no Brasil colônia no início do século XIX. Por conta de um espírito observador, costumava todos os domingos relatar em um diário, todos seus registros empíricos organizando assim um grande volume que deu título a obra estudada nesta pesquisa “Notas Dominicais”. Saindo de Portugal, Tollenare chegou ao Brasil em 1816 aos 36 anos de idade e desembarcou em Pernambuco. A viagem durou 31 dias, chegando 48 horas após a embarcação São João Batista no qual havia saído no mesmo dia de Portugal. No inicio do século XIX a Europa, no caso de Tollenare a França, vivia um período de ascensão da indústria e de revolução ideológica. Os princípios iluministas trouxeram um sentimento de liberdade ideológica e de progresso econômico. Partindo desses princípios e motivado pelo bloqueio industrial entre França e Inglaterra o autor das notas parte para o Brasil ansiando novos investimentos e novas técnicas no cultivo de algodão, bem como colheita e tratamento de doenças da planta.
Ao chegar a Pernambuco o autor foca seus relatos, segundo Oliveira Lima, no “declínio do entusiasmo das juntas, os primeiros receios, os incidentes do bloqueio, a realidade do perigo a escassez de viveres, a suspensão da vida da cidade, os planos terroristas as medidas de salvação pública, o simulacro de resistência, a debandada, o pânico dos residentes, a contra revolução medrosa e logo clamorosa, as infalíveis adesões, o restabelecimento da legalidade com seus delírios e desordens, a dispersão completa do ensaio de república, a reação feroz, o regime das delações e das lisonjas, punição exemplar dos caudilhos patriotas pela força, dos brancos comprometidos pelo confisco e dos negros alforriados pelo açoite, o contraste entre a jubilosa de Luiz do Rêgo e a obra sinistra da alçada dos carrascos”.
Apesar de sua visão europeia burguesa Tollenare pôde fazer uma observação