Nostalgia da infancia
É, sem dúvida, uma fuga à dor de pensar, porque quando o sujeito lírico relembra a infância vivida ou sonhada, embora o faça com saudade de um “tempo que já não volta”, ao relembrá-la sente alegria. Em conclusão, a nostalgia da infância é um escape ao seu sofrimento e, por isso, uma fuga à dor de pensar.
No ortónimo, a “nostalgia da infância surge” “como fuga à dor de pensar”. Em poemas como “Pobre velha música” ou “Quando as crianças brincam”, Fernando Pessoa ortónimo mostra que algumas realidades lhe provocam o salto para um passado que corresponde a um bem perdido. Assim, embora ele afirme, por exemplo, “E toda aquela infância//Que não tive me vem”, para ele, pouco importa se viveu ou não a infância que lhe lembra ou se ouviu realmente a música que recorda, mas a felicidade, a “onda de alegria”, que essas recordações lhe provocam. Em suma, a recordação da infância, apesar de paraíso perdido, faz com que “qualquer coisa” em sua alma se comece “a alegrar”.