Nobres Microtubos
Fungos colhidos em plantas próximas a lagoa baiana são usados para construir eletrodos a partir de nanopartículas de ouro. Microtubos poderão ser empregados como sensores na determinação de substâncias orgânicas.
Por: Valentina Leite
Publicado em 03/02/2015 | Atualizado em 03/02/2015
Bio-híbrido 'Aspergillus niger' com nanopartículas de ouro em imagem de microscopia eletrônica de varredura; o aumento é de 5 mil vezes. (imagem: Adriana Fontes/ Fiocruz)
Símbolo de realeza e ostentação, o ouro é um metal nobre, muito utilizado na confecção de joias e artigos luxuosos. Tem também uma aplicação não tão conhecida, mas não menos importante: alguns tipos de microestruturas do mineral funcionam como eletrodos em reações eletroquímicas.
Pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) encontraram agora uma maneira de otimizar esse processo: mostraram que alguns fungos assimilam as nanopartículas metálicas (menores do que 100 nanômetros – a bilionésima parte de 1 metro) na sua superfície e, após um tratamento térmico, formam microtubos metálicos que imitam a forma dos microrganismos.
Depois de dois meses, a equipe de Malta observou que as nanopartículas tendem a se acumular na parede celular dos fungos, formando uma camada espessa de um material híbrido não encontrado na natureza: parte orgânico, parte inorgânico
O químico Marcos Malta e Adriana Machado Fontes, na época sua aluna de mestrado, selecionaram quatro espécies de fungos filamentosos, colhidos do interior de plantas próximas à lagoa do Abaeté, área de proteção ambiental em Salvador (BA), e os cultivaram junto com nanopartículas de ouro em meio aquoso, com diferentes concentrações de citrato de sódio. Este sal é usado porque, além de servir como nutriente para os fungos, controla a deposição das partículas de ouro sobre os microrganismos, evitando que se aglomerem e fiquem muito dispersas.
Depois de dois meses, a equipe de Malta observou que as nanopartículas tendem a se acumular na parede