neuro
Retirado (com adaptações) de http://www.ucb.br/
Podemos partir de duas suposições ingénuas acerca da observação científica. A primeira afirma que a ciência começa com a observação. A segunda, que a observação produz uma base firme e objectiva da qual o conhecimento pode ser derivado
(Chalmers, 1996: 46). Sabendo que a “observação” pode ser tida como uma modalidade, entre outras, de verificação (“ver” de verdade + acção), é possível estudarmos em que condições se dá este acto de aferição da verdade ou da falsidade do que se observa. Até que ponto os procedimentos científicos de observação são independentes das limitações físicas e intelectuais do observador? Até que ponto as limitações físicas e intelectuais do observador podem ser corrigidas pelos procedimentos científicos de observação?
Vejamos a seguinte passagem do livro de Chalmers (op. cit.: 52):
“Embora as imagens sobre as nossas retinas façam parte da causa do que vemos, uma outra parte muito importante da causa é constituída pelo estado interior de nossas mentes, que vai claramente depender de nossa formação cultural, conhecimento, expectativas, etc., não sendo determinada apenas pelas propriedades físicas dos nossos olhos e da cena observada.”
Observar é uma coisa, ver ou enxergar é outra bem diferente, pois quem vê passa por uma experiência perceptiva e cognitiva própria. Quem vê, teve que aprender a ver, a interpretar, a discernir o que estava sendo observado. Quantos de nós enxergaríamos os problemas diagnosticados por um médico a partir de uma radiografia? Quantos de nós identificaríamos as luas do planeta Júpiter pelas lentes de um super telescópio?
Quantos de nós saberíamos diferenciar hemáceas do tripanossoma causador da
Doença de Chagas? Ou até que ponto veríamos numa piscadela, um