NEPOTISMO
JUNHO DE 2013
A prática do nepotismo está associada ao poder e as redes de influencia, clientelismo e bajulação que cerca os governantes. O próprio sistema real, monárquico e imperial que assegurava a continuidade e hereditariedade do poder através da família real, sustentava de forma ostensiva o nepotismo. No Brasil o nepotismo já surge com a sua descoberta quando o escrivão Pero Vaz de Caminha escreve a carta de comunicação do descobrimento e aproveita a oportunidade e nela insere um pedido de emprego para seus familiares.
Na Monarquia, o cargo público era um privilegio da família real, dos seus parentes, das elites e dos bajuladores. Na república, a prática continuou, porque mudou o regime, mas não mudaram as elites e as pessoas associadas ao poder. Os monarquistas nepotistas que aderiram a república continuaram praticando o nepotismo.
Três pragas assolam e afligem a administração pública brasileira, praticamente desde o período colonial: a corrupção, o clientelismo e o corporativismo. O Brasil não é o único país do mundo a ser vitimado por elas, mas o estudo atento da formação do homem brasileiro (a paidéia dos antigos gregos) revela que encontraram terreno fértil na cultur a privatista ou patrimonialista da coisa pública, decorrente da indistinção dos espaços públicos e privados. As três pragas são formas degradadas de apropriação do interesse público, convertendo-o na expressão dos interesses pessoais, familiares ou de grupos políticos, econômicos ou de classes. No que concerne ao nepotismo, espécie do gênero clientelismo, o interesse familiar passa à frente do ideário republicano e democrático de respeito à igualdade de todos os cidadãos, sem contemplação de qualquer origem. A autoridade pública promove a partilha dos cargos e funções públicas disponíveis entre seus parentes, como se fossem bens pessoais temporários, pouco importando que o pagamento seja feito com recursos públicos recolhidos de toda a população. Desse modo,