Neotectonica
NEOTECTÔNICA
Por
Allaoua Saadi
5.1 Neotectônica do Litoral Baiano na Literatura
Manifestações de notável sismicidade foram registradas no estado da Bahia, no início do século, por Sampaio (1916, 1919, 1920), tendo sido interpretadas por Branner (1920) como resultado de movimentação de falhas. Por outro lado, o reconhecimento do papel da tectônica na evolução geológica cenozóica do litoral nordestino encontrou, desde a década de 50, forte argumento nos espraiamentos, em direção ao litoral, dos sedimentos do grupo Barreiras. Estes foram, desde então, interpretados como depósitos correlativos de pulsos de soerguimentos continentais (Dresch, 1957; Demangeot, 1960; Mabesoone et al., 1972; Castro, 1979), cuja posterior emersão, acompanhando o levantamento do litoral, permitiu a formação das falésias que caracterizam a morfologia de vários trechos da linha de costa
(Freitas, 1951; Ghignone, 1979).
Ao enfocar mais especificamente o litoral baiano, deve-se relembrar os trabalhos que forneceram argumentos sobre feições ou efeitos localizados e/ou específicos da atividade neotectônica. Dentre outros, sobressaem os de King (1956), Tricart (1957),
Howard (1962) e Tricart & Silva (1968) sobre a causa tectônica do afogamento plio-pleistocênico da baía de Todos os Santos; Hartt (1870) e Ghignone
(1979) sobre o levantamento pleistocênico-holocê nico do litoral; Grabert (1960) sobre deslocamentos de terraços fluviais, durante a passagem do Plioceno para o Pleistoceno, e, finalmente, Suguio & Martin
(1976) e Martin et al. (1986) sobre a deformação de níveis marinhos holocênicos, no litoral próximo a
Salvador.
No tocante à região enfocada neste trabalho, ou seja, a parte setentrional do litoral sul do estado da
Bahia, englobando as áreas dos municípios de Porto
Seguro e Santa Cruz Cabrália, situadas entre a foz do rio Jequitinhonha, ao norte, e a Ponta de Corumbaú, ao sul, a única