Natureza humana e Sociologia
O presente trabalho analisa certos elementos de antropologia filosófica, entendendo por esta expressão concepções acerca do que seja o homem, compreendendo premissas de "ser" e de "dever ser", premissas acerca daquilo que o homem é e do valor de que se dota sua natureza, no pensamento de Marx, Durkheim e Kelsen. A partir daí busca estabelecer as implicações que tais concepções poderiam ter para a explicação sociológica.
Serão apresentados, em primeiro lugar, elementos de antropologia filosófica em Marx, seguidos de considerações sobre a importância de tal concepção para seu pensamento sociológico. Não desconheço as inúmeras controvérsias que rondam o pensamento de Karl Marx, mas não pretendo lidar com elas aqui. Admito que minha interpretação de Marx pode ser, e será com certeza, causa da fragilidade deste trabalho. Ademais, é bem possível que as implicações que penso encontrar, da antropologia filosófica marxista em seu pensamento, sejam contestáveis, mas a ousadia permite grande aprendizado.
A principal conseqüência de tal concepção da natureza humana que vislumbro na explicação sociológica deste autor é a seguinte: o homem é visto como intrinsecamente dotado de valor, é bom, não pode, portanto, ser a base da explicação de uma sociedade má.
Em seguida, com relação a Durkheim será apresentada uma análise semelhante. Tem-se na obra deste autor uma idéia inversa, que redunda, porém, nas mesmas conseqüências. Para Durkheim o homem é um animal, tão somente. Nada há na natureza humana que denote a grandiosidade moral e cognitiva que o ser humano adquire em sociedade. Ora, do nada nada vem, donde não pode o homem, que não é dotado de qualquer valor, emprestar à sociedade uma grandiosidade tão evidente. Logo, não pode o indivíduo ser a base da explicação sociológica. A intencionalidade é antes objeto de estudo que fator explicativo.
Por fim apresentar-se-á sumariamente alguns elementos do pensamento kelseniano. Lamento não poder, em razão da