Eugenia
Este artigo objetiva mostrar que a eugenia, ao defender que a humanidade é constituída por diferentes raças e proclamar a superioridade genética de uma delas em relação às demais, adota uma teoria de aprendizagem inatista ou apriorista, na medida em que defende que a capacidade cognitiva pode ser medida e constitui-se em um “dom” hereditário, do qual apenas a raça dita “superior” usufrui.
Para tanto, num primeiro momento apresentaremos os principais conceitos dessas teorias e discutiremos as suas implicações pedagógicas.
A seguir, discutiremos mais detidamente a eugenia no Brasil e seus reflexos na educação. Por fim, nas conclusões finais do trabalho, discorreremos sobre alguns dilemas éticos que o mundo atualmente vivencia.
Segundo Macedo (2002), o inatismo concebe a inteligência como uma capacidade do ser humano que é geneticamente determinada. O bebê, ao nascer, já traz consigo modelos comportamentais e potenciais cognitivos pré definidos, cujo desenvolvimento independe da influência do meio no qual está inserido.
Dessa forma, continua o autor, cabe a nós tão somente desvendar as qualidades que nos são inerentes, respeitando-se os limites impostos pela natureza.
A revelação de até onde uma criança poderia chegar quando adulta poderia ser efetuada mediante a aplicação de testes de QI, uma vez que a sua trajetória tem caminhos já previamente pavimentados, não podendo avançar além de certo ponto. O sujeito é, portanto, passivo e subordinado aos ditames da sua carga hereditária.
Como bem ressalta Paula et al (2009), percebemos que a concepção inatista é utilizada cotidianamente para fundamentar ideologias que marginalizam e rotulam os indivíduos.
Como exemplo, podemos citar o eugenismo, que comunga das mesmas premissas do inatismo. Ele tem em Francis Galton o seu principal expoente e na teoria da evolução de Darwin a sua principal influência.
Sua tese central, conforme atesta Diwan (2012), preconiza que o talento é hereditário e