Narrativas de narrativas e a construção do diálogo terapeutico
Lívia Lopes Moreira (1)
Flora de Mesquita
Melina Andrade
Através de uma escrita sensibilizada por histórias de vida em contexto de vulnerabilidade social, conheceremos como se constrói o olhar de uma psicóloga membro do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) na cidade de Sobral, Ceará. O NASF surgiu há cerca de quatro anos, a partir da experiência de atuação, em atenção primária, de equipes em Residência Multiprofissional em Saúde da Família. Tem como principais eixos de atuação o matriciamento, a clínica ampliada, a construção de planos terapêuticos singulares, as articulações territoriais-comunitárias, o trabalho multiprofissional e a clínica individual. A equipe do NASF trabalha com oito a vinte e uma equipes básicas, dando o caráter interdisciplinar ao trabalho. O psicólogo situa sua intervenção entre diversos campos, trabalhando no contexto da Psicologia Comunitária e da Clínica. A análise se dá a partir de relatos, escritos em prosa, da visão de uma psicóloga diante da vivência auto-referenciada em que, ao ter em mente a prevenção e promoção em saúde mental, relaciona os significados gerados a partir do contato com culturas e valores de famílias em cada realidade atendida à construção de uma prática discursiva socialmente construída. Referenciamos o trabalho numa perspectiva do Construcionismo Social em que há a desconstrução de verdades imutáveis a favor de um conhecimento co-construído em um processo ativo a partir das relações social e seus diálogos. É através do diálogo que se compreende essas realidades e é na reconstrução de significados, negociada no encontro de pessoas em transação, que nasce o conhecimento. Enquanto relação terapêutica, o psicólogo ganha a responsabilidade de ampliar o campo do paciente, estendendo sua rede de significados em direção às