narrativa
-- Ei, ei senhor! Quer comprar balas? É baratinho, é baratinho!
No momento que se aproxima do carro, o menino é surpreendido por um cachorro feroz e o motorista sai com um semblante de deboche ao passo que o menino insistentemente tenta vender suas balinhas.
Na tentativa de buscar sua sobrevivência, o garoto bate no vidro de todos os carros que sua vista podia alcançar naquele trânsito tão conturbado, restando ao pequeno garoto a insignificância estampada nas faces dos motoristas.
Em uma de suas tentativas, o menino avista uma senhora de aparência bondosa e pergunta:
-- Ei senhora! Me ajuda! Compra essas balinhas?
Mas o medo estampado no rosto daquela senhora, a impediu de abaixar o vidro e ao menos olhar o que o menino estava a lhe oferecer.
Com a frustração, ele para por um momento o seu trabalho e observa em um dos carros uma mãe a segurar seu filho de forma bastante amorosa. Tal cena o fez imaginar como seria sua vida se tivesse uma mãe, e se sentou na calçada.
Sem conseguir vender suas balas, o garoto resolve comê-las, o que fez chamar a atenção. Um cachorro se aproxima e o menino divide as balas que estava comendo.
Após dividir os doces com o cachorro, percebe que ficou sem ter o que comer e também vender. Numa atitude desesperada o garoto rouba uma caixa de doces que estava no banco traseiro de um carro. O motorista ao perceber a ação do menino, grita:
-- Pega o ladrão! Pega o ladrão!
O menino sai correndo no meio do transito, e nunca mais é visto por ninguém!