Narrativa de como encontrei alegria
(onde se lê alegria, leia-se Deus).
Sentindo-me derrotado, vencido pelo vício; estando escravo, completamente dependente de drogas pesadas; sujo - pôr dentro e pôr fora pela lama escabrosa do fundo do poço e cego, em virtude das trevas daquele profundo e escuro abismo, descobri então que necessitava de ajuda, precisava de um socorro instantâneo e curador. Todo meu corpo e minha alma imploravam, gritavam, clamavam pelo fim daquele estado letárgico e vegetativo do meu já combalido e frágil ser.
Em uma dessas tantas ocasiões em que eu, quase desmaiado, totalmente drogado por uma mistura de vodka, maconha e anfetamina, dormitava no alpendre de uma casa para alugar de um bairro com alto índice de criminalidade, bem vestido, com dinheiro no bolso, sapatos novos, relógio no pulso – um verdadeiro “prato cheio” para algum “amigo do alheio”, apareceu-me um homem, saído não sei da onde, com perguntas que, no começo me intrigaram um pouco e, quando eu já desperto, respondia quase que instintivamente àquela toda inquisição, me intriguei mais ainda, pois aquele homem usava de uma forma bondosa ao me dirigir a palavra e eu podia sentir o amor transparecer no instante daquele ato.
As palavras daquele desconhecido me levaram a reflexão. Não a esse tipo de reflexão que acaba caindo no vazio e se perde no sentido de ser.
Acordei de um estado letárgico e passei imediatamente a ser só um ser mental. Impressão me dava não ter um corpo onde residia o cérebro. Era apenas cérebro em pleno exercício mental de reflexão. Aquelas palavras...
Aquelas palavras foram remexer no âmago da minha mente. Impulsionavam-me a pensar que, já que eu existia, deveria ter eu nem que fosse uma razão para viver.
E descobri que eu não tinha uma razão para viver; tinha sim muitas razões para viver – esposa, filhos, mãe, pai, irmã e... muitos, muitos irmãos.
Aquele homem desconhecido... Aquele homem não era homem, era Anjo, talvez um enviado de Deus, ou quem