NArradores de Javé
A história deste povoado circulava através da tradição oral, contada ao longo dos anos, sem a preocupação de se deixar um documento escrito para a posteridade. Um dos personagens deste povoado tem então a idéia de usar a história escrita para tentar convencer os responsáveis pela construção da represa a não levar adiante o projeto de construção. Com a concordância de todos, uma pequena comitiva vai a busca de um personagem, até então proscrito, mas com facilidade em escrever histórias, para que o mesmo redigisse a história de Javé.
Depois de acertado os termos da confecção do livro, o escritor vai de casa em casa, buscando na memória de cada um, elementos da história de Javé.
Há pelo menos duas situações muito interessante no que se tornaria a história de Javé. Em dado momento, o escriba, após contar a façanha da captura de um boi, sendo interpelado pelo seu entrevistado, profere a seguinte sentença: “Uma coisa é o fato acontecido, outra coisa é o fato escrito. O acontecido tem que ser melhorado no escrito de forma melhor para que o povo creia no acontecido.”
Há que se pensar se na história escrita da humanidade não houve esse mesmo processo. Será que no período das grandes navegações, a história se deu tal como se deixou escrita para a posteridade? Indo um pouco além, em forma de retrospecto, será que o que está escrito no texto bíblico não poderia ter sofrido este mesmo tipo de ação por parte do escritor? Poderia ter sido a história de David, derrotando o gigante exatamente como está escrita, ou teria sido um acréscimo do autor do Texto? Até mesmo na construção dos livros do Pentateuco, há uma percepção de que redator compila textos, os quais, cada