NARRADORES DE JAVÉ

NARRADORES DE JAVÉ No filme de Eliane Caffé, “Narradores de Javé” retrata a história de um povoado, situado no sertão baiano, que está prestes a ser inundado para a construção de uma enorme usina hidrelétrica. Diante disso a comunidade se reúne para tentar encontrar algo que impeça à destruição. Surge a ideia de transformar a história do povo em patrimônio cultural. Para este feito o único hábil para escrever seria Antônio Biá, no entanto, este havia sido expulso pela comunidade por denegrir a imagem dos moradores.
Diante da missão de escrever o Livro da salvação, Antônio Biá resgata as fantasias, memórias e lembranças através dos diálogos com os moradores de Javé. Contudo, estas histórias se contradizem, deixando-o confuso e a mercê da imaginação, acabando por entregar em branco o livro e reacender a fúria da população. Por fim o povoado é tomado pela modernidade passando a existir somente nas lembranças.

ANÁLISE CRÍTICA:

Ao articular o filme com os estudos da Psicologia Ambiental pôde-se perceber as inter-relações entre os personagens e o seu contexto físico e social. No decorrer da narrativa se analisa desde a percepção do indivíduo acerca do espaço que ocupa, assim como o sentimento de pertença até a transformação deste em um lugar.
Quando os desbravadores chegam ao vale, encontram o que segundo Moles (1998) seria apenas um espaço puro, ou seja, um espaço sem existência para o ser. Nasce, então, Javé, com o tempo lhe foi dado significados e reconhecimento através das relações estabelecidas, se transformando, assim em lugar.
À medida que o lugar supria suas necessidades biológicas, sociais e psicológicas, o povo atribuiu valores, construiu vínculos e estabeleceu uma identidade de lugar, sendo esta uma subestrutura da sua identidade pessoal.
Assim, mesmo que a população não tenha as terras judicialmente, pela interação psicossocial, elas se tornaram parte dos indivíduos, recebendo suas marcas visíveis, seu pertencimento,