Narradores De Jave

Vocês acham que o acontecimento que afetará o povoado de Javé mudou a relação que a comunidade tinha com o passado?

Sim. O acontecimento, a cidade seria alagada devido a construção de uma hidroelétrica, uniu os moradores em torno da ideia de salvar o lugarejo através de uma história oficial, escrita, pois a história falada era a única que existia e não tinha valor.
Antonio Biá era o único que sabia ler e escrever numa comunidade que tinha por tradição, certificar a posse das terras através da canção, teria como tarefa escrever o que as pessoas iam lhe contar, mudança que nos remete a citação: “Quando a mudança social acelera ou transforma a sociedade para além de um certo ponto, o passado deve cessar de ser o padrão do presente, e pode, ao máximo, tornar-se modelo para o mesmo.”1
Segundo o historiador alemão Jörn Rüsen, a história é a memória científica do passado então concluímos que o método de fazer história deverá garantir sua validade por meio de fundamentações criteriosas e garantir sua validade. Como o “historiador” do vale de Javé, Antonio Biá pretende mesmo que não intencionalmente fazer isto, ou seja validar sua história?
Segundo Hobsbawm, o ponto de partida do historiador deve ser um que permita a distinção fundamental entre fato comprovável e ficção, saber que aquilo que investiga é real ou “Valor da investigação histórica sobre “o que de fato aconteceu” para a solução desse ou daquele problema específico do presente e do futuro é inquestionável, e tem dado novo alento a algumas atividades históricas um tanto quanto antiquadas, desde que essas sejam associadas a problemas modernos”2 No filme, Antônio Biá sai de casa em casa para coletar informações dos habitantes mais antigos, sendo o primeiro a ser procurado o srº Vicentino Idalecio da Rocha, homem muito importante para a história do povoado pois diz ser parente de Idalecio o fundador do povoado, sendo homem cético e conservador exige que a história seja contado conforme sua narrativa, sem