NAO S Tiras A Temas Religiosos Devem Ter Limites
GERALD THOMAS: QUEM RI POR ÚLTIMO RI MELHOR
Fui ilustrador da página de “Opinião” do “New York Times” nos anos 80. Às vezes eu ousava publicar algo que não pegaria bem com um grupo ou outro. Algum radical sempre berrava, mas não passava disso. Respondendo diretamente à pergunta: é claro que não. Quanto mais ácida, melhor a sátira. A última coisa nesse mundo que preciso é de lição em direitos humanos. Durante seis anos fui voluntário na Anistia Internacional em Londres nos anos 1970 trabalhando pelos exilados políticos brasileiros – não trabalhei só pelos mais conhecidos. Visitei quase todas as prisões brasileiras no final daquela década. Há um pouco mais de um mês, eu estava marchando nas ruas de Nova York, onde moro, protestando contra a decisão da Justiça sobre a morte dos jovens negros Michael Brown, em Ferguson, no Missouri, e Eric Garner, em Staten Island. Fiz o mesmo em 2012 quando Trayvon Martin foi assassinado na Flórida e recentemente deixei flores no memorial a dois policiais mortos no Brooklyn. Como se vê, sou eclético nas minhas homenagens. Gostaria de ter estado em Paris no domingo (11) na marcha de mais de 3 milhões de pessoas para ser mais um a apostar nessa utópica sociedade livre para caricaturar profetas, papas, políticos e religiosos. Esse é um direito supremo de um sátiro ou humorista em uma democracia. Não serão alguns covardes encapuzados, berrando lemas, ameaçando temas, querendo nos enfiar a lei islâmica goela abaixo que calarão qualquer Redação. Defendo a liberdade de expressão irrestrita, mesmo depois desse trágico evento em que os cartunistas do jornal satírico “Charlie Hebdo” foram mortos, além de outras pessoas em um mercado kosher, em Paris. Mais da metade da minha família foi assassinada em capôs de concentração. Nem por isso deixo de ser fã de Richard Wagner e de encenar suas óperas. Admiro sátiras aos cadáveres dos meus parentes. Sou filho da contracultura, pus meus pés na