NAO TENHO NENHUM AINDA
De acordo com Azeredo (2000:72):
“quando a língua portuguesa começou a ser escrita – no início do século XIII – seu léxico reunia cerca de 80% de palavras de origem latina e outros cerca de 20% de palavras pré-romanas, germânicas e árabes.”
Trata-se do acervo vocabular que se pode denominar hereditário, isto é, aquele surgido junto com o idioma, que a ele forneceu padrão fonético e morfológico. A partir do século XIII, fatores diversos colocaram o português em contato com várias outras línguas ao redor do planeta. Como resultado disso, a adoção de numerosas palavras pertencentes a esses idiomas, num processo de enriquecimento contínuo, que ainda hoje se verifica.
Nesse sentido, a língua portuguesa ostenta, em seu pecúlio lexical, vocábulos provenientes de sistemas lingüísticos tão diferentes quanto o provençal, o holandês, o hebraico, o persa e o quíchua ou o chinês, o turco, o japonês, o alemão e o russo, sem falar em idiomas bem mais familiares, como o inglês, o francês, o espanhol e o italiano, os quais, juntamente com muitos outros, ajudaram a moldar esse heterogêneo mosaico que é o léxico português.
Palavras hereditárias e palavras de empréstimo
Aplicando-se ao português uma noção que é pertinente às línguas de modo geral, é possível classificar as palavras que compõem o seu vocabulário em hereditárias e de empréstimo.
As primeiras, elementos do léxico original, “fazem parte de uma tradição lingüística ininterrupta” – Pisani (s/d:57) –, refletindo “as transformações fonéticas que caracterizam o idioma à época dos seus primeiros momentos” – Bechara (1998:116). Transmitidas oralmente, encontram-se identificadas com a fase pré-histórica do idioma, tendo passado por todas as transformações fonéticas do latim ao português, ou seja, são “aquelas que viviam no léxico da língua quando deixou de ser latim para ser identificada como português, numa passagem ininterrupta no tempo e no espaço” – Bechara (2002:217-8).
Nos termos