Na Colonia Penal
Na Colônia Penal
A obra de Kafka é desmembrada em duas fases, a primeira quando o explorador conhece a “máquina singular” e a segunda quando chega ao vilarejo da Colônia. Destacando a cada momento o quanto a presunção de inocência estava sendo desqualificada pela presunção de culpa, de forma cruel e sem limite. Ela não começa com "era uma vez" e, talvez seja isso que incomoda mais nossa mente e aguça nossa imaginação. Podendo ser considerada tragicamente surpreendente, enlaça o leitor já nos primeiros parágrafos, fazendo com que, aqueles que possuem o mínimo conhecimento na área penal se veem fazendo as perguntas do explorador, como se fossem jogados numa máquina do tempo, dando vida ao museu da tortura e do autoritarismo.
Imediatamente relata a chegada de um Pesquisador dos Procedimentos Jurídicos, na Colônia Penal regida pelo Sistema Militar, que por determinação do Comandante acompanha um Oficial num espaço determinado a executar as sentenças, de forma lenta e cruel, por uma máquina criada por um antigo Comandante daquela região. Tal máquina era dividida em três partes: A cama (onde o acusado era deitado nu e amarrado); o rastelo (agulhas posicionadas para rasgar a pele, perfurar órgãos, matando lentamente) e o desenhador (onde se escolhia a posição que as agulhas ficariam de acordo com o “crime” cometido). Primeiramente, era vista pelos integrantes da Colônia com entusiasmo e euforia, como forma de diversão, mas, gradativamente foi sendo desassociada a esta função e, lembrada apenas pelo Oficial que a manuseava e pelo novo Comandante que almeja seu fim.
Não existia processo, mas existiam polos.
O passivo era preenchido pelos executados, ou seja, soldados que eram acusados de qualquer bizarrice, por seus superiores. Podendo ser considerado uma incógnita, os pertencentes a este polo sequer sabiam que estavam sendo acusados e tão pouco do que. Eram torturados, sentenciados sem razão. Defesa não era uma palavra usada naqueles