Múltiplas vozes em texto
Os conteúdos de Língua Portuguesa ensinados a partir dos livros didáticos ainda têm sido abordados por muitos professores de modo isolado, ou seja, sem estabelecer relações entre os assuntos estudados, muito menos sem as ligações necessárias para um aprendizado significativo entre a língua ensinada e o uso dela no cotidiano do aluno. Em um mundo onde há um diálogo constante de múltiplas perspectivas entre vários assuntos recorrentes, seria negligência por parte do professor desconsiderar tais relações existentes e continuar tratando, por exemplo, a gramática, a literatura e, principalmente, os textos como matérias independentes, que não possuem qualquer tipo de associação entre si, nem com o dia a dia do educando. O texto, essencial para as atividades desenvolvidas nas esferas sociais, precisa ser objeto de ensino, já que é a realização de uma unidade que se constrõe por meio da língua e que não é criado puramente, sem influência alguma. O fato de um texto ser “um ato de comunicação unificado num complexo universo de ações humanas.” (MARCUSCHI, 1983, p. 12-13) e estar sempre em diálogo com outros textos, não devendo ser compreendido isoladamente, segundo o postulado dialógico de Bakhtin (1929), faz-se necessário como um conceito a ser revelado tanto para o aluno do ensino fundamental quanto para o do ensino médio, pois estes estarão aptos não só a interpretar um texto qualquer na sua totalidade, mas também terão a habilidade de produzir um texto bem elaborado a partir de ideias obtidas de um outro texto, por exemplo. Entretanto, será que apenas a apresentação de um conceito a respeito da existência da intertextualidade seria o suficiente para um aprendizado efetivo do discente? Citações de diversos exemplos e exercícios de intertextualidade nos moldes tradicionais do ensino tornaria a prática escolar um prazer ou uma obrigação para o aluno? Quais recursos