Musica
O cisma da Reforma Protestante revê-se igualmente na música, sendo claramente visível a distinção entre a mentalidade protestante e a católica. No final do século XVI, os luteranos criaram um tipo de música muito simples para o seu culto, de forma a facilitar o canto aos seus fiéis. Denominada de "coral", ela é um movimento de acordes com melodias curtas, pouco elaboradas e de ritmos fáceis. Aliás, ela baseava-se em temas folclóricos e em cânticos católicos.
No culto católico, a prática era bastante mais elaborada, e ao descobrir a vantagem da simplificação musical, a Igreja Católica procurou igualmente concretizar este objectivo, imbuída no espírito da Contra-Reforma. Assim, as autoridades eclesiásticas exigiram aos compositores músicas com menos elaboração contrapontística e rítmica, mas de natureza mais homofónica.
Por consequência, a música restringiu-se a um coro pequeno, sem acompanhamento instrumental, nascendo a ideia de "coro a capella", estilo que ainda hoje é cultivado, que era constituído exclusivamente por homens e meninos. Aliás, as vozes mais agudas eram cantadas por estes, pelos contratenores e os "castratti". Só no final deste período é que as vozes soprano e contralto foram adoptadas por vozes femininas, e só no século XVII é que surgiram as vozes mezzo soprano e barítono [5].
As vozes dividiam-se pelos seguintes naipes:
Nome medieval (latim) Nome renascentista (italiano) Significado e função
Supremus ou Superius Soprano Escrita na parte superior da partitura, é a voz mais aguda da música e a que expressa a melodia
Altus Contralto Sendo mais grave que a soprano, preenche a parte intermédia da trama polifónica
Contraltus Contratenor Sendo mais aguda que o tenor, preenche a parte intermédia da trama polifónica
Tenor Tenor Era a voz que sustentava o cantus firmus, ficando entre as vozes agudas e a grave e preenchendo a parte intermédia da trama polifónica
Bassus Basso Escrita abaixo de todas e na