Musica popular brasileira na ditadura
De
Historia
Tema: A musica popular brasileira (MPB) na ditadura.
É justo dizer que a MPB, durante os anos 1960 e 1970, esteve em trincheiras alegóricas. O motivo maior era a resistência contra a ditadura brasileira, endurecida após o decreto do Ato Institucional Nº 5, que suspendia direitos fundamentais do cidadão – entre eles a manifestação de cunho político.
A voz contestatória dos artistas canalizada em forma de canções integra a série de reportagens de A GAZETA sobre os 50 anos do Golpe Militar. Os nomes dos nossos heróis são muitos – e conhecidos: Tom Zé, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Geraldo Vandré e mais uma ala inteira que colocava em xeque o regime militar, geralmente com o subterfúgio de metáforas e ironias.
“Como a censura cerceava os compositores, eles precisavam elaborar a mensagem da canção de tal forma que os censores não percebessem a intenção política da mensagem”, explica Maria Aparecida Rocha Gouvêa, autora do livro “Música de Protesto e Ethos Discursivo no Período da Ditadura Militar: A Arte de Dizer o Proibido”.
Gouvêa cita a simbólica canção “Viola Enluarada” (1967), de Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle. Ali, às portas do tropicalismo, os compositores tentavam driblar a ditadura e “proteger a face” com versos: “A mão que toca um violão / se for preciso faz a guerra.”
Chico Buarque, segundo Gouvêa, destacou-se pela ironia, sobretudo após a volta do exílio – quando até adotou o pseudônimo Julinho da Adelaide, em algumas composições, para esquivar-se da censura. “Uma estratégia comum dele era a utilização dos pronomes sem referência. Por exemplo, quem é o ‘você’ em ‘Hoje você é quem manda’, na música ‘Apesar de Você’? Ele estava fazendo uma dura crítica ao regime militar, mais precisamente ao presidente Médici.”
Ao incorporar temas sociais, a MPB impeliu certa ruptura com gêneros pregressos, em especial a bossa nova e a jovem guarda. “Na bossa nova tínhamos um cantor mais passivo, com