Museus e mulheres: pequena reflexão
Ao se buscar documentos sobre as políticas de gênero no mundo atual, observa-se que são inúmeras as diretivas que orientam para que as políticas públicas invistam em ações que promovam a igualdade de gêneros. Elas cortam transversalmente a sociedade envolvendo o trabalho, a escola, a justiça, a política, os transportes entre outros domínios da vida social. Aída Rechena (2011:71-100) enumera vários documentos de caráter internacional elaborados pela ONU que visam promover a igualdade de gêneros. Cito apenas alguns: Declaração dos direitos universais (1948), Convenção dos direitos políticos das mulheres (1952), Pacto internacional sobre direitos civis e políticos (1966), Pacto internacional sobre direitos econômicos e sociais e culturais (1966), Declaração sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres (1967), Primeira Conferência Mundial das Mulheres (1975), em 2000 apareceu a Declaração do Milênio que definiu oito metas a serem alcançadas até 2015 e uma delas propõe a igualdade de gênero e a capacitação das mulheres.
A autora faz interessante análise do sentido que gênero assume nesses documentos, mostrando que gênero é interpretado exclusivamente como sexos, ou seja, homem e mulher, revelando que não houve entre os promotores de políticas públicas uma incorporação dos debates recentes do campo. Observa também que os investimentos na promoção da igualdade são centrados na mulher e não na relação homem e mulher, vistos ainda como categorias universais e não em suas particularidades étnicas, de classe, etárias e raciais como indica as mais recentes reflexões sobre gênero.
Outra observação interessante que faz é que no caso de Portugal a legislação, o I Plano Global para a igualdade de oportunidades insere o domínio da cultura de maneira genérica em termos de promoção de estudos relacionados à mulher e o II Plano Global para a igualdade de oportunidades garante o acesso e fruição de bens às mulheres,