mundo dos signos
A melhor chave para se penetrar no mundo dos signos talvez seja a introdução que Umberto Eco escreveu para seu livro O Signo (1973). Ele conta o caso de um cidadão italiano, o Sr. Sigma, que está passando férias na França e, de repente, precisa fazer uma consulta médica. Um resumo mais ou menos livre do texto seria:
Suponhamos que o Sr. Sigma, andando por Paris durante suas férias, começa a sentir dores n o · abdome. Usei um termo vago porque o Sr. Sigma tem ainda uma sensação confusa. Procura definir e s s a s d o r e s , b u s c a um nome para elas. A palavra substitui a dor que ele sente. Se ele comunicar seu problema a u m médico, sabe que poderá · usar a palavra (que o médico está à altura de compreender) em lugar da dor (que o médico não sente e talvez jamais tenha sentido).
O Sr. Sigma decide marcar uma consulta médica. Procura na lista telefônica de Paris: signos gráficos precisos lhe dizem quem é médico e como encontrá-lo. Entra num bar. Se fosse um bar italiano, procuraria um cantinho junto da caixa onde deveria existir um telefone. Como está num bar francês, p r o c u r a o patamar d e uma escada que desça. Sabe que é lá embaixo que, nos bares parisienses, ficam os toaletes e o s t e l e f o n e s . O ambiente se lhe a p r e s e n t a , assim, como um sistema de signos orientadores, que lhe dizem, por exemplo, o n d e e c o m o poderá f a l a r ao t e l e f o n e .
Sigma desce e se depara com três cabines estreitas. Uma regra lhe diz como usar uma das fichas que tem no bolso e um sinal sonoro lhe diz se a linha está livre. Esse sinal é diferente do que se ouve na
Itália, e por isso ele deve conhecer uma outra regra para decodificá-lo. Agora olha o disco à sua frente com as letras do alfabeto e os números. Sabe que o médico que procura corresponde, por exemplo, a DAN 00 19. Este número é regulado por um código muito sutil. As letras referem-se a um bairro particular da cidade, mas cada letra significa também um