multinacionais
A globalização se faz presente, em primeiro lugar, mediante as relações financeiras e de comércio que os países mantêm entre si, mas é pelo setor produtivo que ela é suscetível de impactar mais decisivamente o perfil e a própria estrutura das economia nacionais. As três dimensões estão obviamente interrelacionadas, como o próprio itinerário do desenvolvimento do Brasil pode facilmente demonstrar. Com efeito, como já ensinava há mais de meio século Caio Prado Júnior, o Brasil emergiu para o mundo e se constituiu como nação como um entreposto colonial português, que depois foi adquirindo novas funções produtivas à medida em que a metrópole se encarregava de inseri-lo em um conjunto mais amplo de circuitos comerciais.
Estávamos então na primeira globalização planetária, a da era dos descobrimentos e do capitalismo mercantil, quando os príncipes conquistadores e os comerciantes europeus deitavam velas em todas as direções dos mares para incorporar novos territórios a seus domínios próprios e novos mercados provedores ou consumidores das mercadorias então valorizadas. Não possuindo nenhuma das riquezas "extrativas" da Ásia ou de certas partes das Américas – como especiarias, panos de luxo, metais preciosos –, o Brasil teve de ser finalmente aproveitado num regime de plantação e, mais adiante, de mineração. Essa primeira globalização se fazia segundo uma ordem econômica fragmentada, já que colocada sob o domínio do "exclusivo colonial" e dos regimes fechados entre si, com escassa complementaridade produtiva entre impérios concorrentes, quando não inimigos. Ainda assim, certos traços da globalização contemporânea já se faziam presentes no Brasil colonial: técnicas produtivas transplantadas desde a Europa e adaptadas às circunstâncias do meio colonial, investimento na produção e financiamento da comercialização por casas comerciais e bancárias italianas ou da Europa setentrional, holandesas em