Mulheres
(Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e Centro de Estudos Sociais) e-mail: lcoelho@fe.uc.pt
Portugal assistiu, nos últimos 40 anos, a uma transformação rápida e profunda do papel económico das mulheres e, consequentemente, também das relações intrafamiliares e do modo como as famílias se relacionam com as outras instituições (Mercado, Estado e Comunidade). A inserção das mulheres no mercado de trabalho ocorreu a ritmo muito rápido e de modo abrangente, a família transformou-se, acompanhando as tendências verificadas no mundo desenvolvido, a população envelheceu e urbanizou-se significativamente. O efeito conjugado destes movimentos alterou profundamente a vida das mulheres portuguesas. A contribuição para o aumento do rendimento monetário da família reforçou a visibilidade do seu contributo para o bem-estar material dos seus membros, a sua capacidade negocial no âmbito familiar reforçou-se, elas transformaram-se em agentes da economia mercantil e sujeitos de escolhas. O significado deste processo em termos de emancipação feminina é inegável. Mas a sua importância para a compreensão dos padrões de consumo, de produção, da formação de capital humano, da família e da natalidade, da distribuição de rendimento ou das relações entre o Estado e a Sociedade é também incontornável. Ou seja, é impossível compreender a sociedade portuguesa actual sem ter em conta os múltiplos efeitos, entrelaçados, desta ‘verdadeira revolução silenciosa’.
Evolução recente da atividade remunerada das mulheres portuguesas A elevada atividade remunerada das mulheres portuguesas tem sido explicada por razões de natureza histórica, sociológica e cultural. Nesse sentido, é na forte ausência dos homens ativos durante a década de 60 (emigração, guerra colonial) que podemos encontrar as raízes do fenómeno, depois fortemente impulsionado pela erupção de valores igualitários e