Mulheres
* Lucy Coelho Penna
(Revista Hermes Publicação do Instituto Sedes Sapientiae, São Paulo. Nº 1; 1996, p. 66 – 94.)
As divindades femininas da nação brasileira merecem respeito e pesquisa porque estão na base da identidade nacional. São manifestações do princípio feminino sempre mencionadas no folclore e nas lendas, embora ainda pouco compreendidas sob a perspectiva psicológica.
Escolhi comentar quatro poderosas manifestações dentre as imagens divinas presentes na cultura do Brasil. O motivo da escolha é simples. Elas estão associadas pela simbologia de um elemento natural de grande importância na vida prática: á água.
A falta de água afeta 230 milhões de pessoas hoje no mundo. São 26 países sofrendo o descontrole dos recursos hídricos do planeta, segundo documento da organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO). Qual a condição psicológica coletiva que permite tamanho desequilíbrio? O Brasil tem uma das maiores reservas hídricas da terra: rios quilométricos, lagos e infinitos córregos umedecem o nosso território. Nem todos permanecem limpos porque a contaminação cresce rapidamente. As autoridades e a população geralmente pensam que os rios são escoadouros do lixo que as cidades produzem. Para eles mandam suas fezes, latas, detritos alimentares e industriais. Entretanto, as águas dos oceanos e rios são o berço da vida no planeta!
As divindades associadas aos mananciais hídricos são forças de cura e de regeneração, inclusive por sua ação transformadora através das chuvas e das enchentes. Muitos cultos religiosos antigos foram dispensados às entidades mantenedoras das fontes de água. A Igreja Católica a tomou como símbolo de purificação da alma no Batismo. Jesus Cristo se apresentou como “a água viva” que elimina a sêde dos homens.
A sêde tanto quanto as terras áridas e secas simbolizam a alma que não responde ao chamado divino. O terreno onde não brota nenhuma semente e a
palavra