Mulheres chefes de familia
Mary Alves Mendes
UFPE
Palavras-Chave: chefia domiciliar feminina, pobreza, relações de gênero.
Introdução
O crescimento freqüente da presença feminina na esfera do trabalho1 traz também à tona uma situação cada vez mais constante na atualidade que é a mudança de gênero na manutenção da família. No Brasil, segundo dados do censo do IBGE (2000), as famílias chefiadas por mulheres representam 24,9% dos domicílios brasileiros. O nordeste é a região brasileira que apresenta a maior proporção de domicílios chefiados por mulheres, com 25,9%, acompanhado da região sudeste com 25,6%. Segundo Berquó (2001), as chefias femininas crescem no país como um todo, é um fenômeno tipicamente urbano, a maioria é do tipo monoparental, destacam-se as mulheres mais jovens, separadas, negras, mais pobres e com baixo grau de escolaridade. A grande concentração da chefia feminina encontra-se nas camadas pobres (Castro, 1990, 1982; Goldani, 1994), visto que a própria condição de pobreza, e muitas vezes miséria, conduz as mulheres ao mercado de trabalho em situações que vão desde o compartilhar a manutenção da casa com o companheiro, até responsabilizar-se sozinha pelo domicilio.
Mas será que a participação das mulheres no mercado de trabalho, acompanhado do crescimento da chefia domiciliar está diretamente relacionada a uma questão de emancipação feminina? As camadas sociais de onde provém essas mulheres chefes de família tornam-se um dos indicadores importantes para o desvelamento de parte dessa questão que é diversificada e plural em seus meandros e desdobramentos e, portanto complexa em seu entendimento. A relação trabalho e emancipação feminina parecem
* Trabalho apresentado no XIII Encontro da Associação Brasileira de Estudos Populacionais, realizado em Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil de 4 a 8 de novembro de 2002. convergir mais nas camadas médias do que nas camadas populares, nesta o elemento