Muito a fazer no ensino integral
O governo comemorou o avanço. A meta do Plano Nacional de Educação é chegar a 2023 com 25% do total de matrículas na educação básica no ensino integral. Estamos em 10%.
É consenso que o ensino em tempo integral pode ajudar a dar um salto de qualidade na educação. Os países mais avançados baseiam seus sistemas de ensino em períodos de no mínimo sete horas. É assim na Coreia do Sul, nos
Estados Unidos, na Finlândia. No Chile, que promove há décadas uma profunda e bem-sucedida reforma na educação, o tempo integral virou obrigatório em 1997. Hoje, 90% de seus alunos ficam na escola das 8 horas às 15 horas. Um aluno que cursa toda a educação básica chilena estuda, no total, dois anos a mais que o aluno do regime anterior a
1997, que tinha dois turnos. E vai melhor que o aluno brasileiro nas avaliações internacionais de leitura, matemática e ciências. O que deu certo no Chile e em outros países, no entanto, não foi apenas estender o tempo que o aluno passa na sala de aula. Isso, por si só, não garante a melhora. Como as escolas preenchem as horas extras é o que faz diferença.
Há boas escolas integrais brasileiras, com um currículo que conecta atividades extras, como música e esportes, às disciplinas obrigatórias. Mas são experiências fortuitas. Em muitas escolas de período estendido, as horas a mais são
"livres" para usar as quadras, os computadores, ou adiantar a lição de casa, sem supervisão. Fazer uma escola de tempo integral custa caro, exige infraestrutura maior, professores com dedicação exclusiva e, sobretudo, um currículo consistente. Caso contrário, elas não