Filosofia Geral

2950 palavras 12 páginas
CONCLUSÃO Os Dois Sentimentos da Infância
Na sociedade medieval, que tornamos como ponto de partida, o sentimento da infan-cia não existia — o que não quer dizer que as crianças fossem negligenciadas, abando-nadas ou desprezadas. O sentimento da infância não significa o mesmo que afeição pelas cri-anças: corresponde à consciência da particularidade infantil, essa particularidade que distin-gue essencialmente a criança do adulto, mesmo jovem. Essa consciência não existia. Por essa razão, assim que a criança tinha condições de viver sem a solicitude constante de sua mãe ou de sua ama, ela ingressava na sociedade dos adultos e não se distinguia mais destes. Essa soci-edade de adultos hoje em dia muitas vezes nos parece pueril: sem dúvida, por uma questão de idade mental, mas também por sua questão de idade fisica, pois ela era em parte composta de crianças e de jovens de pouca idade. A língua não atribuía à palavra enfant o sentido do restrito que lhe atribuímos hoje: em francês, dizia-se enfant como hoje se diz gars na lingua-gem corrente. Essa indeterminação da idade se estendia a toda a atividade social: aos jogos e brincadeiras, às profissões, às armas. Não existem representações coletivas onde as crian-ças pequenas e grandes não tenham seu lugar, amontoadas num cacho pendente do pesco-ço das mulheres,' urinando num canto, desempenhando seu papel numa festa tradicional, trabalhando como aprendizes num ateliê, ou servindo como pajens de um cavaleiro. A criança muito pequenina, demasiado frágil ainda para se misturar à vida dos adultos, "não contava": essa expressão de Molière comprova a persistência no século XVII de urna mentalidade muito antiga. O Argan de Le Malade imaginaire tinha duas filhas, uma em ida-de de casar e a outra, a pequena Louison, mal começando a falar e a andar. Argan ameaçava pôr a filha mais velha num convento, para desencorajar seus amores. Seu irmão lhe diz: "De onde tirastes a idéia, meu irmão, vós que possuís tantos bens e tendes apenas

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