Muito além do jardim botânico
As duas comunidades, Lagoa Seca e Paicará são de trabalhadores operários, constituídos de muita proximidade cultural.
O Bairro do Pacairá, foi fundado depois da tragédia da queda dos morros de Santos em virtude das fortes chuvas do ano de 1956. Os moradores do bairro são de sua maioria nordestinos ou descendentes de nordestinos, já passaram por todo um processo de vários anos em contato com a cultura metropolitana de São Paulo e, mesmo mantendo alguns costumes se comportam de forma diferente de seus conterrâneos que permaneceram na região de origem. O padrão de vida do bairro é bem maior que o do bairro da Lagoa Seca.
Boa parte de seus trabalhadores prestam ou já prestaram serviços a empresas industriais, e entre eles existe a maior porcentagem de pessoas com atividade sindical ou passado de militância política em relação ao conjunto dos trabalhadores da Lagoa Seca.
Em 1980, a Rede Globo era a única emissora comercial a ser captada pelos telespectadores na cidade do Natal. Tanto em Lagoa Seca quanto no Paicará, televisão é sinônimo de Globo. A TV é vista como “uma coisa boa” pelas comunidades. E o principal motivo para gostar tanto é o fato da TV ser considerada um objeto útil e uma fonte de diversão e entretenimento importante.
Um grande número de pessoas, mesmo entre aquelas com pequena interação social extradoméstica, ressaltam, intuitivamente, quando se fala da importância da TV como veículo de informação, a peculiaridade de que tal importância decorre do fato de que é ele o único meio através do qual elas podem inteirar-se dos acontecimentos de fora de sua cidade. Da sua cidade, eles sabem que contam com outros meios. “Só na TV a gente sabe o que se passa em outro país”. As pessoas vêem a Tv como uma forma geradora de credibilidade.
O trabalho realizado nas duas comunidades, descobriu que as pessoas retêm, sem dúvida, em suas mentes, as notícias que digam respeito a seus interesses mais imediatos. Se uma forma de