Mudanças subjetivas contemporaneas
A partir do último quartel do século XX, transformações sócio-econômicas, políticas e culturais vêm afetando significativamente os modos de vida e organização social em que boa parte das populações mundiais se insere. A globalização da economia, o desenvolvimento de novas tecnologias de trabalho e sobretudo da indústria eletrônica, a unificação do mercado mundial, inclusive o de trabalho implicou ao mesmo tempo um processo de homogeneização e de heterogeneização. Uma das conseqüências das mudanças técnicas sem contrapartida no plano da igualdade social foi o aumento da fragmentação social, dos guetos pauperizados, a favelização das cidades, a exclusão social.
A coexistência entre mundos diferentes e que nem sempre conseguem se comunicar é a realidade sócio-cultural do capitalismo hoje, a qual apresenta várias dimensões conflitantes. O fracasso do projeto de igualdade e o aumento da desigualdade social revelou-se sobre tudo nas duas últimas décadas, quando os efeitos excludentes do processo de modernização se constituíram em entraves para que os princípios universalistas da modernidade se realizassem. Essa situação histórica, além das transformações na organização técnica, social e política do capitalismo, significaram também mudança cultural na política, relativa à emergência de novo modo de expressão da subjetividade, fundado na idéia da “diferença”.
As reivindicações de singularidades subjetivas e autonomização emergiram no bojo desse mesmo processo. Como mostrou Guattari às mesmas transformações tecnológicas que levaram a uma tendência de homogeneização universalizante e reducionista da subjetividade também levaram a uma