Mudança de Mídia e Paradigma

1 MUDANÇA DE PARADIGMA
As tecnologias informacionais de comunicação e redes sociais vêm ocupando um papel de destaque nas discussões sobre a comunicação na contemporaneidade. Ao ler sobre as jornadas de junho, por exemplo, não é raro encontrar menções sobre como tais manifestações (assim como as de Istambul e Cairo) só puderam tomar suas devidas proporções devido à articulação em redes sociais associadas ao uso de internet móvel em celulares. Embora seja praticamente impossível refutar tal argumento, ao analisar as jornadas de junho e as dinâmicas comunicacionais nela presentes, o papel da tecnologia torna-se secundário ao considerarmos as possibilidades geradas a partir dela. Como colocado por Bruno Torturra no programa Roda Viva, questionado sobre a tecnologia usada pela Mídia Ninja: “o importante não é a tecnologia, ela é bem banal, a grande tecnologia é na cabeça da pessoa.”. O embate entre nova e velha mídia, muito bem representado no programa há pouco citado, rende e ainda renderá muito assunto, e é nele que se concentrarão os esforços ao longo deste artigo. Para abordar tal questão, entretanto, uma perspectiva apontada por Fritjof Capra em seu livro O Ponto de Mutação se mostra amplamente adequada. Escrito na década de 70, seu livro parte da hipótese de que, todas as crises contemporâneas, vividas nos mais diversos campos da ciência e da sociedade, são, na verdade, faces diferentes de uma mesma crise. Capra parte então para uma revisão histórica de quase toda a evolução do pensamento científico ocidental, mostrando como a lógica analítica/cartesiana que fundamenta o método científico é a principal responsável pelas crises que vão da física (primeira a ser superada, com o modelo da relatividade proposto por Eistein) à biologia, medicina, e às próprias instituições políticas. Ao separar a realidade em unidades cada vez menores para compreender o comportamento de suas “partículas mínimas” de significação, o modelo analítico/cartesiano acaba por perder