Mozart – A sociologia de um gênio
- Mozart morreu com sensação de que sua existência foi um fracasso. Sem o amor de sua mulher e o amor do público vienense ele perdeu a autoestima. A fama em vida significava tudo para ele, a fama póstuma, nada. Ele era uma pessoa que sentia uma insaciável necessidade de amor físico e emocional. Tudo indica que no fim ele vivia em estado de solidão e desespero.
- Mozart viveu numa época em que s grupos burgueses outsiders eram dominados pela aristocracia de corte e o equilíbrio das forças era muito favorável ao establishment cortesão. Contra isso ele lutou com coragem e se libertou dos aristocratas com seus próprios recursos, em prol de sua dignidade pessoal e de sua obra musical.
- Nos campos da literatura e da filosofia era possível liberar-se do padão de gosto aristocráticos. As pessoas podiam chegar ao seu público através dos livros. Formas culturais específicas do gosto burguês expressavam a crescente confiança face ao establishment dominante. Com respeito à música, a situação ainda era muito diferente: quem trabalhava nesse campo ainda era muito dependente do patronato e dos gostos da corte e dos círculos aristocráticos.
- Quem tinha vocação para a música só poderia alcançar sua meta caso conseguisse um cargo permanente numa corte, de preferência uma corte rica e esplêndida. Os músicos na corte eram tão indispensáveis quanto os cozinheiros e criados e normalmente tinham o mesmo status de criados na hierarquia. A maior parte dos músicos ficava satisfeita quando tinha garantida a subsistência. Essa dependência do músico foi o grande fator do destino de Mozart.
- Com 21 anos, Mozart pediu demissão ao príncipe de Salzburgo, tentando romper as barreiras da estrutura social de poder, e partiu para conseguir um posto na corte de Munique, depois de Augsburgo, depois Mannheim e em Pais, onde esperou em vão. Acabou retornando desapontado e contra sua vontade a Salzburgo, onde foi nomeado regente da orquestra e organista da corte.