Bacharel
Dentro da obra de Elias podemos retirar diversos conceitos da sua sociologia, a maioria aparece de modo mais implícito, enquanto que os que nos são mais facilmente dados estão de algum modo presos à temporalidade/contextualidade dos escritos, o que não deixa de nos permitir utilizá-los ainda hoje. Uma das mais importantes e pertinentes se dá no âmbito da relação indíviduo-sociedade, que com Elias ganha de certo modo nova abordagem, ao mesmo tempo que o individuo é formado pela sociedade (e a sociedade pelos indivíduos), aquele não deixa de ter certas singularidades que escapam à mera reprodução das normas, do disciplinamento. Dentro do livro a cerca de Mozart isso se mostra claramente, onde um ser social mesmo sendo imbricado pelo seu contexto social, de algum modo conta com certa singularidade capaz de alterá-la, ou ao menos, tentar mudá-la ou questioná-la. Analisando a relação entre a vontade de Mozart e as possibilidades de sua época, podemos ver bem expressa a questão do ator na Modernidade. Desse modo uma certa aproximação entre psicologia e sociologia se tornam novamente possíveis, com relações mais dinâmicas na sociologia, não sendo possível considerar os termos indivíduo e sociedade de modo isolado, mas em suas inter-relações, em sua dinamicidade e configurações particulares. Disciplinamento é um conceito que pode ser extraído também. Mozart teve que de algum modo aprender a conviver entre as normas e os costumes da corte e, se formos pelo outro lado, a sua música também é permeada por essa "instituição social" que exige disciplinamento de todos os indivíduos relacionados à ela. Para conviver entre a corte com seu Pai (seu disciplinador-educador musical e social), Mozart precisou de algum modo se adequar e se misturar com a nobreza da época. Mesmo em sua idade adulta, já tendo dominado as regras do "jogo", a disciplina ainda se impunha à Mozart, uma vez que ele