Movimentos e suas Lutas
Ilse Gomes (UFMA); Joana Coutinho (NEILS) jcoutinho@uol.com.br/ilse@elo,com.br Os anos 1980 foram marcados pelo domínio dos movimentos sociais na cena política brasileira. Protagonistas da luta contra a ditadura militar e pela democratização do país, os movimentos sociais exigiam do Estado não apenas participação política no processo decisório das políticas públicas, mas o responsabilizavam pela situação de precariedade em que vivia a maioria da população. Utilizavam os mais variados instrumentos de luta como passeatas, greves, caravanas, etc, para pressionarem o
Estado por direitos sociais. As políticas públicas como saúde e educação, por exemplo, eram concebidas como dever do Estado e direito do Cidadão. Estava presente, pelo menos, em uma boa parte destes movimentos, a “transformação da sociedade” capitalista. Vale registrar que neste período, ainda marcam a cena os centros de
“educação popular” e de assessorias a movimentos sociais, com ênfase na
“conscientização” e “transformação social”. A “educação popular”, fundamentada no método de Paulo Freire, era utilizada no sentido organizativo-conscientizador, e palavras de ordem como “democracia de base” e “autonomia” constituíam o eixo de seu repertório.
Pequenos grupos, já existentes, abandonaram práticas assistenciais-filantrópicas e outros foram criados para incentivar a “organização popular” (Doimo, 1995:129, 130). Havia no horizonte a luta pelo socialismo.
Na década de 1990 o cenário se modifica: o neoliberalismo adentrou a seara dos movimentos sociais — com raríssimas exceções — modificando não apenas suas formas de luta, mas principalmente sua disposição para a luta. As expectativas de transformações sociais se metamorfosearam em adesão à dinâmica institucional através das parcerias. A adesão ao ideário neoliberal significou abrir mão da concepção das políticas públicas como direito, do caráter universal e gratuito dos