Movimento Neozapatista
1.1 - A Resistência histórica do campesino mexicano
Em termos agrários, o México pode ser considerado um país muito especial. A revolução mexicana do início do século XX (1910-1917) gerou a primeira, senão a única, reforma agrária da América Latina, deixando nas mãos das comunidades camponesas e indígenas a metade do território (70 milhões de hectares), assim como boa parte dos recursos naturais (água, bosques, selvas, biodiversidade, germoplasma).
O Movimento Zapatista inspirou-se na luta de Emiliano Zapata contra o regime autocrático de Porfirio Díaz, que encadeou a Revolução Mexicana em 1910. O movimento defende uma gestão autônoma e democrática do território, a participação direta da população nos meios que propiciam a sua continuidade alimentar básica: a partilha da terra e da colheita. Objetivava-se, portanto, maior amplitude aos “ejidos” e comunidades, sendo que, em ambos os casos, a propriedade é social, com regras de acesso, posse e transmissão baseadas no uso equitativo e comunitário com renda que, no entanto, se mantém baixa, ampliando-se o número de trabalhadores para as “haciendas” - modelo produtivo responsável por uma grave desigualdade econômica que ainda se manifesta no México -, de modo a favorecer o moderno agronegócio irrigado, com notável interferência internacional.
1.2 - O movimento neozapatista Nos anos 1960 e 1970, a presença de haciendas e do moderno agronegócio irrigado ampliou-se novamente, tornando-se a principal fonte de exportação e de obtenção de divisas do país. Como resultado disso, houve uma grande crise alimentar nos anos 70, pois essa agricultura patronal (voltada para a pecuária extensiva, o algodão, a cana, o trigo e o sisal) não dava prioridade aos principais gêneros alimentícios do povo mexicano: milho, feijão, arroz. O México estava condenado a importar alimentos básicos, enquanto isso fazia aumentar a massa de lavradores sem-terra obrigados a migrar definitivamente para as