Movimento negro, raça e politica educacional
Rodrigues, Tatiane Cosentino
GT: Afro-Brasileiros e Educação / n.21
Agência Financiadora: Ação Educativa - Fundação Ford
Introdução
Segundo Winant e Omi (1994) raça não é apenas algo a mais, isto é, algo que é adicionado, mas, sim, parte integrante e constitutiva de nossas experiências cotidianas mais comuns. No Brasil, no entanto, existiu e existe uma tentativa, de parcela significativa dos setores dominantes, de negar a importância da raça como fator gerador de desigualdades sociais. Ao fazer isso, de maneira paradoxal, estão, ao contrário, anunciando e reafirmando a importância dessa categoria para a compreensão da realidade brasileira.
Atravessamos toda a década de 1980 consolidando uma importante, mas marginal, produção sobre a intersecção entre raça e educação. Esse acervo reúne as denúncias do movimento negro( Movimento negro no âmbito deste artigo é compreendido como o conjunto de entidades negras, de diferentes orientações políticas, que têm em comum o compromisso de lutar contra a discriminação racial e o racismo e acreditam na centralidade da educação para a construção de uma identidade negra positiva.), suas propostas e experiências, consolidando, nos termos de Silva e Barbosa (1997), “um pensamento negro sobre a educação” e, de forma complementar, a realização de pesquisas que corroboram suas denúncias, ao mostrarem a disparidade entre negros e brancos nos indicadores educacionais.
Em seu conjunto, essa produção traz não somente reivindicações, mas problematizações teóricas e ênfases específicas que denunciam e sugerem que as políticas públicas de educação possuem um viés racial que veicula um conteúdo depreciativo e preconceituoso em relação aos povos e culturas não oriundos do mundo ocidental.
A seguir tentarei mostrar nesse artigo como a categoria raça foi e continua sendo uma categoria central para a formulação e definição de políticas públicas de educação. Embora a utilização do conceito