RAÇA, CULTURA E ETNIA. A diversidade dos grupos humanos é uma questão muito antiga, que tem sobrevivido com a própria espécie. Mas, só a partir do final do século XIX é que a alteridade (distinção, diferença), constituída pelo negro na sociedade brasileira, passou a ser estudada pelo recorte racial, com a possibilidade aberta pela teoria evolucionista. O conceito de raça, então utilizado, foi tomado de empréstimo da biologia. Apesar de ser uma forma distorcida de focalizar o problema continuou sendo uma importante categoria de observação para estudar a diversidade que caracteriza o grupo de africanos e seus descendentes. A partir da década de 60 do século XX, houve uma alteração no enfoque do problema. Uma série de movimentos sociais que ocorreram entre os quais destacamos a descolonização dos países africanos mudaram a posição do negro de objeto para sujeito de sua história. Considerado como uma forma distorcida de focalizar o problema, o critério de raça foi abandonado como critério científico para a definição de grupos sociais. O conceito de raça, entendido como uma subdivisão da espécie humana, portadora de caracteres comuns e hereditários, foi superado cientificamente. Um novo conceito, construído no âmbito das Ciências Sociais passou a ser utilizado: o conceito de etnia. Este novo instrumento de análise leva em consideração comunidade de origem, de língua, de religião, de costumes e de sentimento de pertencimento. A Antropologia Social considera que os grupos étnicos só podem ser caracterizados pelas diferenças que eles mesmos percebem que existe entre seu próprio grupo e os demais e o sentimento de pertencimento que sentem em relação ao seu grupo. A comunhão étnica é produto de um sentimento de comunidade, mas de uma comunidade verdadeira como é o clã (conjunto de indivíduos consanguíneos que possuem um ancestral comum). A comunhão étnica não constitui uma comunidade, mas representa apenas um elemento em que são estabelecidas diversas