Jornalismo
Nos Maias, Eça de Queiros apresenta uma forte crítica ao jornalismo nomeadamente à parcialidade das publicações e à corrupção existente. Para tal, apresenta duas situações: Em primeiro lugar, é relatado um episódio em que Dâmaso publica uma carta no jornal “A Corneta do Diabo” – jornal este de escândalos e maledicência, na qual era exposta a relação de Carlos e Maria Monforte. Para impedir que a publicação chegue ao público, Carlos e Ega recorrem ao redator do jornal, Palma Cavalão. Palma surge como símbolo do jornalismo sensacionalista e representando todos os jornalistas corruptos e imorais. Carlos e Ega pagam-lhe 100 mil reis em troca da identidade do autor.
“O artigo fora-lhe simplesmente encomendado e pago.”
Com a utilização do advérbio simplesmente, é transmitida a naturalidade com que Palma publicava notícias falaciosas em troca de dinheiro.
Também neste excerto é perceptível o espírito corrupto do redactor. “E Palma Cavalao, agitado com o tinir do dinheiro, desabotoou logo o jaquetão…”
“remetendo o artigo, recomendando-lhe “que o apimentasse”.”
Atualmente estes problemas ainda são comuns. Revistas sensacionalistas, como a Gente, onde as vidas de personalidades famosas são perseguidas, são conhecidas pela falta de coerência com a realidade dos acontecimentos. Não só nas revistas, mas também em jornais desportivos é comum a publicação de notícias que não correspondem à verdade.
Num outro momento, Carlos consegue publicar uma carta, na qual Dâmaso se confessava embriagado ao redigir a carta sobre a relação de Carlos e Maria. Carlos dirige-se ao diretor do jornal “A Tarde”, Neves, que era um deputado político, que, embora num primeiro momento se oponha ao pedido de Carlos, acaba por aceitar publicar a sua carta por razões políticas.
“Um manganão que nos entalou na eleição passada, fez gastar ao Silvério mais de trezentos mil réis… Perfeitamente, às ordens…”.
Também neste mesmo jornal é