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8040 palavras
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Educação e Diversidade: preconceitos e dificuldades na implementação da Lei10.639/03 junto aos professores das redes municipais de ensino no Brasil
Mariana Cunha Pereira
Doutora em Antropologia Social: estudos comparativos das Américas/UnB
Professora da Universidade Estadual de Goiás/UEG mcunhap@yahoo.com.br 1. Introdução
Para tratar de uma temática cujo recorte se faz a partir da diversidade étnico-racial do Brasil, o primeiro passo é ressaltar o processo histórico que mostra, nessa discussão, as especificidades do que é ser negro nesse país e como ali se processaram as formas de racismo. É necessário explicar como os termos raça, relações étnico-raciais e diversidade cultural são utilizados no discurso que propõe as políticas de ação afirmativa, e como estas se configuram em políticas de formação de professor, propostas desde a perspectiva da diversidade. Para complementar essa discussão, buscamos os exemplos de nossa prática como formadora de professor citando algumas situações em que surgem preconceitos entre os professores das redes públicas de ensino quando se deparam com essa temática numa experiência de qualificação continuada.
As elites políticas e intelectuais criaram uma noção de que no Brasil existe uma natural harmonia e tolerância entre os grupos raciais, ou seja, que o preconceito e a discriminação não existem. Essa elaboração, decorrente dos anos 1930, subsidiou-se em teses eugenistas, foi posteriormente criticada por estudiosos, a exemplo de Roberto
DaMatta (1983) que, a essa particularidade do Brasil, consagrou o termo “democracia racial”. Ele define que esta uma tese é presente no senso comum através da imagem e do discurso sobre a origem do povo brasileiro como oriundo da união pacífica e congratulada das três raças: branca, negra e indígena; tese esta fortemente trabalhada pelos livros didáticos, mídia, literatura clássica e popular e demais formas de expressão.
A conseqüência disto no imaginário brasileiro é que