Movimento corporal humano: objeto de estudo/ensino exclusivo ou especifico da educação física para a educação infantil?
Nelson Figueiredo de Andrade Filho[1]
Introdução
A experiência de inserção da Educação Física na Educação Infantil tem suscitado muitas reflexões sobre a legitimidade da sua participação pedagógica nessa modalidade da Educação Básica. No interior das escolas infantis, entre os pedagogos, entre os professores de outras especialidades, entre, inclusive, os próprios professores de Educação Física é comum ouvir alguns dizer que o trabalho pedagógico com o movimento corporal humano não é uma exclusividade da Educação Física ou do seu professor. Nessas ocasiões fica no ar a especulação de que o movimento corporal humano, enquanto objeto de estudo e ensino na Educação Física, particularmente para a Educação Infantil, é passível de ser trabalhado em todas as áreas de conhecimento, por todos os professores.
Temos ouvido essas assertivas com preocupação. A nosso modo de ver, esse tipo de reivindicação genérica é muito ruim para o projeto pedagógico escolar, mas, mais que isso, é muito ruim para as crianças. Parece inerente à perspectiva de cultura escolar instituída pasteurizar todo e qualquer debate que pretenda estabelecer objetos claros, diferenças epistemológicas, exigências teórico-metodológicas, responsabilidades e desafios com/contra as lógicas de ação tradicionalmente inscritas nas práticas educativas determinadas, quase sempre oficialmente, dos adultos para os adultos e desses para as crianças.
Por essa perspectiva de cultura escolar, ao que parece, a escola básica tem historicamente se firmado como uma agência social conservadora. Hierarquizadora de determinados conhecimentos em detrimento de outros. Desse modo, o processo pedagógico que em discurso se pretende “práxico”, está “sempre” mais apto para se objetivar em forma de valorizar a cognição, a simbolização ou a expressividade que em forma de valorizar a ação ou o movimento