MOTA
Ana Elizabete Mota∗
Ângela Amaral∗
Juliane Peruzzo∗
1. A conjuntura latino-americana
A partir do final da década de 80 do século passado, o movimento das esquerdas latino-americanas orienta-se no sentido da superação das ditaduras militares e da resistência ao neoliberalismo. Tal movimento culminou com eleições parlamentares que levaram ao poder governos de esquerda e centro-esquerda em países da região andina e cone-sul como são exemplares a situação do Brasil,
Argentina, Uruguai, Bolívia, Equador e Venezuela.1
O cenário político e econômico desses países já configurava naquele período um processo de crise capitalista2-iniciada nos anos 70 do século passadocujos meios de enfrentamento determinaram mudanças, embora mantidas as particularidades de cada país.
Estas mudanças afetaram as tradicionais modalidades de produção material, redefinido os espaços e tempos, a organização do território e do Estado, demarcando um conjunto de aportes teóricos e metodológicos que são compatíveis com as
mudanças em curso desde os anos 80. Trata-se
do
que
alguns
autores
vêm
Professora Titular do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal de Pernambuco/Brasil
∗
Professora Adjunto do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal de Pernambuco/Brasil
∗∗
Professora Adjunto do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal de Pernambuco/Brasil
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Vale lembrar as sucessivas eleições de Hugo Chávez Frías na Venezuela, desde 1998, a vitória no Brasil de dois governos de Luis Inácio Lula da Silva, o governo de Néstor Kirchner à Casa Rosada em 2003, a chegada no poder da Frente Amplia representada por Tabaré Vázquez, no Uruguai em 2004, a ascensão de Evo Morales à presidência da Bolívia em 2005, e, em 2006, as conquistas de Rafael Correa no
Equador e de Daniel Ortega, na Nicarágua, além da acirrada disputa no Peru e do processo eleitoral no
México, representam uma transformação de enorme